A mielomeningocele é uma condição congênita que afeta o desenvolvimento da medula espinhal e das vértebras do feto. Embora seja considerada uma malformação grave, os avanços na medicina fetal, especialmente no diagnóstico por ultrassonografia, têm oferecido novas possibilidades para melhorar a qualidade de vida dos bebês diagnosticados ainda no útero.
Neste artigo, vamos explicar o que é a mielomeningocele, como ela é diagnosticada durante a gestação, os possíveis tratamentos — incluindo a cirurgia intrauterina — e como a atuação de uma equipe especializada em medicina fetal, como a da FMFLA, pode fazer toda a diferença.
O que é a mielomeningocele?
A mielomeningocele é a forma mais grave de espinha bífida, uma malformação do tubo neural que ocorre nas primeiras semanas de gestação, geralmente entre o 17º e o 30º dia após a concepção. Nessa condição, as vértebras da coluna não se fecham completamente, permitindo que a medula espinhal e as meninges (membranas que revestem o sistema nervoso central) fiquem expostas e extravasem através de uma abertura nas costas do bebê.
Essa exposição pode causar danos neurológicos de diferentes intensidades, dependendo da localização e do tamanho da lesão. As sequelas mais comuns incluem:
-
Paralisia dos membros inferiores;
-
Dificuldade de controle urinário e intestinal;
-
Hidrocefalia (acúmulo de líquido no cérebro);
-
Problemas ortopédicos.
Qual a causa da mielomeningocele?
A causa exata ainda não é totalmente compreendida, mas fatores genéticos, ambientais e nutricionais estão envolvidos. Um dos fatores mais associados à prevenção é a ingestão adequada de ácido fólico antes da concepção e nas primeiras semanas de gravidez. Por isso, é fundamental o uso da suplementação vitamínica em mulheres que planejam engravidar.
Como o ultrassom pode diagnosticar a mielomeningocele?
O diagnóstico da mielomeningocele é feito por meio de exames de imagem, especialmente a ultrassonografia morfológica de primeiro e segundo trimestres.
No primeiro trimestre (entre 11 e 14 semanas), já é possível observar sinais indiretos da malformação, como alterações no encéfalo do feto (o chamado “sinal do limão” ou “sinal da banana”).
No segundo trimestre, a mielomeningocele pode ser visualizada de forma mais clara, com a identificação do defeito na coluna vertebral e da herniação das meninges e medula. A ultrassonografia morfológica de segundo trimestre, realizada entre 20 e 24 semanas, é crucial para o diagnóstico definitivo.
Além disso, o exame pode ser complementado com a ressonância magnética fetal, que fornece imagens mais detalhadas do sistema nervoso central do bebê e ajuda no planejamento terapêutico.
A importância do diagnóstico precoce
Detectar a mielomeningocele durante a gestação permite que os pais e os profissionais da saúde se preparem melhor para o nascimento do bebê e, mais importante ainda, possibilita a avaliação da elegibilidade para a cirurgia intrauterina.
Nos últimos anos, o tratamento intrauterino se tornou uma opção viável e eficaz em casos selecionados, e pode melhorar significativamente os desfechos neurológicos da criança.
Cirurgia intrauterina: quando é indicada?
A cirurgia intrauterina para correção da mielomeningocele consiste em fechar o defeito na coluna do bebê ainda dentro do útero, geralmente entre 24 e 26 semanas de gestação. O objetivo é proteger a medula espinhal da exposição contínua ao líquido amniótico e minimizar a lesão neurológica progressiva.
Estudos como o MOMS Trial (Management of Myelomeningocele Study) demonstraram que a cirurgia fetal pode:
-
Reduzir a necessidade de derivação ventricular para tratamento da hidrocefalia;
-
Melhorar a função motora dos membros inferiores;
-
Aumentar as chances de o bebê andar de forma independente.
No entanto, nem todos os casos são candidatos à cirurgia fetal. Há critérios clínicos e anatômicos bem definidos que precisam ser avaliados por uma equipe multidisciplinar especializada. A FMFLA é referência nesse tipo de avaliação, oferecendo o suporte necessário às gestantes e suas famílias.
O papel da FMFLA no cuidado com a mielomeningocele
A FMFLA é reconhecida mundialmente por sua atuação em medicina fetal de alta complexidade. Em casos de mielomeningocele, nossa equipe realiza:
-
Ultrassonografia morfológica detalhada;
-
Ressonância fetal quando indicada;
-
Avaliação multidisciplinar com especialistas em neurocirurgia, obstetrícia e neonatologia;
-
Acompanhamento pré e pós-operatório em casos de cirurgia fetal;
-
Planejamento personalizado para o parto, preferencialmente em centros com UTI neonatal e equipe treinada.
Nosso objetivo é oferecer a melhor chance possível para o bebê e sua família, com acolhimento, informação e cuidado especializado desde o diagnóstico até o nascimento e o acompanhamento após o parto.
O que esperar após o nascimento?
Mesmo com a cirurgia intrauterina, a mielomeningocele é uma condição que requer acompanhamento ao longo da vida. A criança pode precisar de fisioterapia, acompanhamento neurológico, ortopédico e urológico.
Quando o diagnóstico é feito precocemente e o tratamento é planejado de forma integrada, é possível minimizar as sequelas e melhorar significativamente a qualidade de vida da criança.
Famílias que recebem o diagnóstico contam também com apoio psicológico e orientação contínua na FMFLA, pois entendemos que cada caso é único e merece atenção especial.
A mielomeningocele é uma condição grave, mas os avanços da medicina fetal têm transformado o prognóstico de muitos bebês diagnosticados ainda no útero. A ultrassonografia de alta resolução, realizada por profissionais experientes, é fundamental para identificar precocemente essa malformação e oferecer opções terapêuticas que podem mudar o futuro da criança.
Na FMFLA, estamos comprometidos com a excelência no diagnóstico e no cuidado com gestações de alto risco. Se você está grávida ou conhece alguém que recebeu esse diagnóstico, entre em contato com nossa equipe. Estamos prontos para acolher, orientar e oferecer o melhor para o bebê e sua família.